Jogado ali naquele apartamento escuro estava Jonny Blaze e suas acompanhantes, algumas garrafas de Jack Deniel’s vazias, maços de cigarro Lucky Strike também vazios, um radio-despertador que tocava a musica “Gimme Shelter” e uma Desert Eagle carregada com uma bala na agulha. Uma bala que tinha um objetivo: Ceifar sua vida miserável.
Como um homem chegara a ponto de cogitar cometer suicídio?
Imagine um jovem rapaz de 19 anos de vida boa, morava numa casa de cerca branca
em uma cidade ao sul dos Estados Unidos. Costumava ir à igreja todos os
domingos com seus pais, vivia o perfeito “american dream” e como todo jovem idealista de
direita da época, se alistou no serviço militar americano -vulgo, assinou seu
passaporte para o inferno. Mas antes de dizer que vamos para o céu ou para o
inferno, passemos pelo purgatório, também conhecido como “Treinamento
Militar”. Aqueles foram 4 meses de sofrimento, mas nada que se comparasse ao
que estava por vir.
O inferno verde. O Vietnã. Se o Diabo tinha caprichado na
segunda grande guerra, nesta aqui ele chegou a perfeição. Jonny viu coisas que, como dizem por ai, “jamais poderão ser desvistas”: Viu seus amigos morrem
nas incursões dentro da selva; participou das torturas americanas em crianças,
idosos e mulheres vietnamitas; entrou em vilas que haviam sido bombardeadas de
Napalm; viu putas de cheias de DSTs em Saigon... Acabou fugindo como a maioria
dos Americanos, com o rabo entre as pernas, correndo em helicópteros, os
mesmos que sobrevoam, metralhavam, e bombardeavam vilas. Porém, o que mais o
marcou não foram esses ocorridos e sim um caso isolado. Quando uma menina
vietnamita pedira por sua ajuda para socorrer a família, ele não pensara duas vezes
antes de abrir um rombo na cabeça da jovenzinha com um tiro de fuzil. E pior, depois encontrar a família da garota à sua procura. Pobre menina.
“War, children, it's just a shot away
It's just a shot away”
It's just a shot away”
Ali, no sofá de seu apartamento relembrando o inferno, relembrando
os dias de chuva intermináveis na selva, sentiu o cano frio da arma encostando
no céu da boca. Sentiu o toque da morte em sua mão, como se ela puxasse
aquele gatilho junto com ele. De repente não havia mais sofá... estava no colo da morte como
uma criança no colo da mãe que o dava a mamadeira. Só que não era uma mamadeira
ali... era uma arma. O fim da sua vida, a sua passagem definitiva pro inferno.
Ele fechou os olhos e se deixou levar pela morte. E antes que a escuridão o carregasse para longe desse mundo, pronunciou uma frase rouca...
“God blees you America!”
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