segunda-feira, 21 de julho de 2014

It's just a shot away...

Jogado ali naquele apartamento escuro estava Jonny Blaze e suas acompanhantes, algumas garrafas de Jack Deniel’s vazias, maços de cigarro Lucky Strike também vazios, um radio-despertador que tocava a musica “Gimme Shelter” e uma Desert Eagle carregada com uma bala na agulha. Uma bala que tinha um objetivo: Ceifar sua vida miserável.
Como um homem chegara a ponto de cogitar cometer suicídio? Imagine um jovem rapaz de 19 anos de vida boa, morava numa casa de cerca branca em uma cidade ao sul dos Estados Unidos. Costumava ir à igreja todos os domingos com seus pais, vivia o perfeito “american dream” e como todo jovem idealista de direita da época, se alistou no serviço militar americano -vulgo, assinou seu passaporte para o inferno. Mas antes de dizer que vamos para o céu ou para o inferno, passemos pelo purgatório, também conhecido como “Treinamento Militar”. Aqueles foram 4 meses de sofrimento, mas nada que se comparasse ao que estava por vir.
O inferno verde. O Vietnã. Se o Diabo tinha caprichado na segunda grande guerra, nesta aqui ele chegou a perfeição. Jonny viu coisas que, como dizem por ai, “jamais poderão ser desvistas”: Viu seus amigos morrem nas incursões dentro da selva; participou das torturas americanas em crianças, idosos e mulheres vietnamitas; entrou em vilas que haviam sido bombardeadas de Napalm; viu putas de cheias de DSTs em Saigon... Acabou fugindo como a maioria dos Americanos, com o rabo entre as pernas, correndo em helicópteros, os mesmos que sobrevoam, metralhavam, e bombardeavam vilas. Porém, o que mais o marcou não foram esses ocorridos e sim um caso isolado. Quando uma menina vietnamita pedira por sua ajuda para socorrer a família, ele não pensara duas vezes antes de abrir um rombo na cabeça da jovenzinha com um tiro de fuzil. E pior, depois encontrar a família da garota à sua procura. Pobre menina.

War, children, it's just a shot away
It's just a shot away”


Ali, no sofá de seu apartamento relembrando o inferno, relembrando os dias de chuva intermináveis na selva, sentiu o cano frio da arma encostando no céu da boca. Sentiu o toque da morte em sua mão, como se ela puxasse aquele gatilho junto com ele. De repente não havia mais sofá... estava no colo da morte como uma criança no colo da mãe que o dava a mamadeira. Só que não era uma mamadeira ali... era uma arma. O fim da sua vida, a sua passagem definitiva pro inferno. Ele fechou os olhos e se deixou levar pela morte. E antes que a escuridão o carregasse para longe desse mundo, pronunciou uma frase rouca...

“God blees you America!” 


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